Lily Allen - It's Not Me, It's You

Quem nunca ouviu de um ex "não é você, sou eu", em outras palavras "não te quero mais e ainda vou pagar de bonzinho". Pois é, Lily Allen inverteu essa história e nomeou o seu segundo álbum It's Not Me, It's You(não sou eu, é você). Uma das primeiras coisas que eu amei foi ela brincar com esse clichê. É um dos álbuns mais sólidos que eu já ouvi. Todas as músicas são bem trabalhadas, com letras interessantes e sonoridades deliciosas. Nele Lily fala sobre o pai que foi ausente na sua infância, sobre Deus, sobre George Bush, ex namorados e outras coisinhas. Já da pra perceber que Lily não é qualquer cantora e compositora, o trabalho dela é claramente diferente, de um jeito revigorante. Em Not Fair é sobre um ex(talvez) que não era bom de cama. Tem como fazer um assunto hilário desse virar música? Siiiim, Lily faz e faz muito bem. Começa elogiando o cara "he treats me with respect, he says he loves me all the time, you know I've never met a man who's made me feel quite so secure" pra depois da uma puxada, sabe aquela coisa de alisa pra depois bater? É bem isso. "When we go up to bed you're just no good, its such a shame... You never make me scream" como não amar essa música?? No mínimo é engraçada.  Ela ainda da uma de sínica falando "I look into your eyes I want to get to know you and then you make this noise and it's apparent it's all over", o sexo devia ser ruim mesmo viu porque não é mesmo? Fuck You tem uma letra muito simples mas que diz exatamente o necessário, fala sobre Bush e toda essa obsessão com a guerra. Ela diz em poucas palavras o que muitas pessoas gostariam de dizer "Fuck you very, very much, cause we hate what you do and we hate your whole crew". Quem não entende inglês acha facilmente que é uma música feliz, sem perder a calma ou a classe Lily manda o ex presidente dos Estados Unidos se foder. Uma das minhas partes favoritas sem dúvida é "So you say
It's not OK to be gay, well I think you're just evil, you're just some racist who can't tie my laces"! He Wasn't There conta a relação dela com o pai, a ausência dele em sua infância e que mesmo assim ela depois de adulta ficou feliz em dar uma outra chance. Parece que você esta ouvindo uma música dos anos 50 talvez. É uma música fofa dedicada a ele. I Could Say mostra as perspectivas depois de um relacionamento, depois da fase que você pensa que vai morrer e nunca mais vai ser feliz, vem a fase "now you're gone it's as if the whole wide world is my stage, now you're gone it's like I've been let out of my cage". Como tudo com o tempo você consegue ver mais claramente as situações da vida, você começa a pensar "but I've got a life ahead of me" afinal. Who'd Have Known é linda, tem um clima de alguém que acabou de encontrar outro alguém, as expectativas, os desejos, as primeiras emoções em relação a outra pessoa. As incertezas "I didn't know where this was going when you kissed me" e "Are you mine? Are you mine?". E minha frase favorita "we exist but we're taking it slow, let's just see how it goes". Lily Allen é crítica de uma forma leve mas séria, não fica chata, muito menos repetitiva. Him é interessantíssima. Tem como tema: se existe um Deus, como será que ele pensa? "Do you think He'd drive in his car without insurance? Now is he interesting or do you think He'd bore us? Do you think His favourite type of human is caucasian?" sutil crítica ao racismo, a hipocrisia de parte da sociedade religiosamente cega. "Ever since He can remember people have died in His good name. Long before that September, long before hijacking planes" obviamente falando do atentado de 11 de setembro e que muito antes disso as pessoas já se matavam em nome de Deus, Alá, o que vocês quiserem chamar. The Fear tem esse sarcasmo maravilhoso falando sobre a sociedade, onde tudo só faz sentido com dinheiro, não existe felicidade sem. Não se quer inteligencia ou humor, se quer dinheiro, roupas e diamantes, "And I'll take my clothes off and it will be shameless, cause everyone knows that's how you get famous". Ninguém é sínico de dizer que não gosta de dinheiro, ter roupas bonitas é bom DEMAIS, poder viajar incrível e diamantes são espetaculares mas nada disso importa se faltarem outras coisas. Essa é a crítica feita, quão longe as pessoas vão para ficarem famosas. É uma letra muito inteligente "and I am a weapon of massive consumption, and its not my fault it's how I'm programmed to function" isso só me faz lembrar a teoria de que a sociedade corrompe o homem. It's Not Me, It's You é um álbum completo, com uma produção simples mas bem feita. Lily mais uma vez provando que não é apenas mais uma cantora pop, ela merece muito respeito. 

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